29 dezembro 2008

Um pedaço de mim

As voltas que o mundo dá

não conta as histórias que há

bem longe de minhas falas

silêncio de muitas almas

todas querendo falar

Origens despedaçadas...

por vezes desconhecidas

a procura de novos laços

pra velhos desembaraços



Exercicio de aula - primeira poesia Um pedaço de mim em 18.06.2008

01 dezembro 2008

Praça da República

Quem não conhece a praça da República em São Paulo ? Penso que quase todo morador da cidade já esteve lá alguma vez.. Eu, uma autêntica "rata de feiras de artesanato" não consigo ficar sem dar uma passadinha pela praça, pelo menos um domingo a cada mês.

Ultimamente, parece que a praça NÃO consegue reeditar o"glamour" histórico que teve nos anos 70. Por outro lado, por tradição, ou teimosia, continua impregnada de histórias que , valentemente são expressas pelos artesãos que todos os domingos expõe seus produtos, ou de outros , pois a autencidade mudou de ares, e até um certo ar de "camelodromo" está presente , incorporada no lugar.

E destas histórias que o Juliuz, um dos artistas guardiões do espírito histórico e social da praça e porque não dizer da cidade também conta para quem quiser parar e ouvir. Apreciar seu trabalho, e ter um "um dedinho de prosa " sobre qualquer assunto com o Julioz é no mínimo uma experiência provocadora e cheia de surpresas.

Não só o Julioz, cada pessoa que alí está, como exemplo, o jornaleiro, tem muitos "causos" pra contar e fazer a gente conhecer um pouquinho mais de perto esta cidade tão fabulosa que é São Paulo.

07 novembro 2008

Um cavaleiro garboso..

Num tempo quase presente, que não é hoje e nem antes. É um tempo assim sem data, com espírito de justiça no ar e muita maldade querendo chegar.
Existe neste tempo, um castelo nas matas, lá dentro do Mato Grosso. Vive ai um cavaleiro altivo de fala macia, cheio de cortesias, presença tranquila mas de alma inquieta. Tem um pé que vive nas matas, perto dos rios, dos peixes e pássaros bem juntinho da sua amada, com quem compartilha caminhos, angústias e desejos da alma cheia de amor. Este infante garboso, vive a alegria de escrever. Ele escreve para viver, fala dos pássaros que lhe emprestam o espírito voador para um mergulho rasante sobre a terra esfarelada. Ama sua terra e sua gente, mas tem cá na cidade grande, outro ofício diletante. Nosso infante aqui é daqueles que por vontade maior não se aquieta com as injustiças do mundo. Por causas da terra que também ama, ele estuda e é doutor.
Pra nao causar polêmicas, sua escrita maior vem na forma de poesia, porque assim acredita pode bradar sobre as dores que lhe gritam na alma.
Sua escrita não tem um ponto final, quando escreve, e se coloca, parece ter por dentro um ebulir de idéias que não pode conter para si. E as vezes surpresa, vem numa bicicleta estudar, mostrar que sabe das coisas boas e simples da vida. De idéias particulares, parece toca viola, não sei, daquelas que a gente ouve e chora tamanha a emoção. Ah este cavaleiro escritor, amante da natureza, parece que aos bichos não tem uma preferência, ama mais os peixes, os passáros, as gibóias, quero-quero, socó e bem-te-vi, trinca-ferro, petrim e pajéu, tico-tico, o anu e siriri, também voa com velho tuiuiú, às margens do fecundo Pantanal. Parece pra mim que sou ele tamanha sua paixão, quem sabe sou dentro de mim, pouquinho dele também.
(este texto foi feito cumprindo o desafio lançado pela Olga, maravilhosa escritora, do Curso de Formação de Escritores da ESDC. O desafio era "roubar a alma" de uma pessoa que nós duas conhecemos, e a partir deste roubo de alma, escrever um texto incorporando sua essência. No texto era obrigatória a presença de um animal Por causa da alma roubalda, um animal não foi possível , precisei de vários. Olga espero ter cumprido o desafio, e agradeço a honra de ter sido escolhida. A alma do meu obsediado, agradeço a inspiração e peço me perdoe se não o apreendi completamente.)

Menino não faz arte !


Quando a casa ficava por mais de meia hora em silêncio., a mãe logo se fazia de plantão, atenta aos sinais daqueles momentos. O que estaria acontendo? Onde foram parar aqueles moleques?
Humm !!! devem estar no quintal. Qual nada ! Onde foram parar?
Não demorou muito, ouviu as gargalhadas vindas do quarto das crianças. Tentou se conter apesar da vontade de ver o que estava se passando, as gargalhadas continuavam e incontrolável a curiosidade de saber o que os divertia daquele jeito.
Esperou, afinal não queria ser surpreendida pelas crianças numa atitude infantil ao ceder a seu impulso de 'xeretice" . Ah, mas se estiverem fazendo arte ? Como saber ?
Os risos continuavam no quarto, e a mãe se inquietava, acho melhor ir ver.
De repente, se conteve, resolveu voltar atrás, e considerou que agora era preciso esperar. Deixar brincar e fazer arte as crianças. Seria agora ou nunca. Ou então quem sabe um dia, depois de muitos anos depois....Nunca mais !

31 outubro 2008

Enredo do desenredo

Fulana era uma moça da Móoca, criada dentro dos princípios cristãos. Filha de imigrantes era a única menina, tinha quatro irmãos mais novos.
Fez curso de datilografia e passou em um concurso público como auxiliar de escritório. Feliz da vida pois acreditava que assim a vida seria tranquila para sempre. Seria funcionária pública.
Sicrana, também era moça criada nos princípios cristãos, não da Móoca, vivia em um bairro simples e sem tradição da Zona Norte de Saõ Paulo. Era primeira filha e tinha uma irmã e um irmão. Assim como Fulana, Sicrana ingressou no serviço público onde se encontraram anos atrás.
As moças na época quase meninas e muito pudicas, meio desajeitadas para as conquistas amorosas, pois a educação repressora as fazia duvidar de qualquer possibilidade de sedução ao homem que viesse lhes interessar.
Acontece que Sicrana, nascera com o dom de despertar olhares masculinos, tinha um quÊ, que não entendia como atraia para si os rapazes mais inteligentes e interessantes da classe e depois no ambiente de trabalho.
Apesar de todo o poder de atração que, Sicrana não tinha malícias, agia de acordo com os principios de sua repressora educação. Não olhava para os lados, fingia que não percebia, e fingia pra si mesma. Não queria acreditar que pudesse ser uma jovem atraente como qualquer garota no desabrochar a idade. Já Fulana, sabia que seus dotes físicos eram parcos, e por este motivo, desenvolvera a astúcia de raposa, fato que não era percebido ao primeiro contato, pois como a maioria da moças tinha um comportamento bem singelo de acordo com a moral da época.
Conheceram-se as duas moças e ficaram amigas. Trocavam confidências, estavam sempre juntas. Sicrana segredava para Fulana todos os desejos de uma jovem puritana. Fulana, ouvia tudo e procurava encorajar a amiga em suas iniciações românticas. Mascarava um sentimento de inveja por Sicrana dissimulado atitude angélica e maternal.
A amizade parecia sólida e sincera até que um dia o Polito, assumiu a gerência no departamento onde as moças trabalhavam. Sicrana de pronto se encantou com o novo gerente, ficou abalada. Fulana demorou um tempo a se aperceber do estado de enamoramento da amiga, mas logo entendeu os motivos e também se encantou com o novo chefe.
Nesta ocasião, Fulana começa a travar consigo um duelo, desejava ser diferente, mais audaciosa e seduzir o homem que acabara de conhecer, mas agia timidamente, a ponto de não se fazer notar pelo alvo de seu interesse.
Sicrana, matreiramente agiu rápido, valendo-se das confissões da amiga para distraí-la e aproximar-se do homem disputado em segredo.
Acontece que Polito era homem que tinha lá seus desencontros íntimos se estamos tratando de espécime do genero masculino que era. Nunca se casara e duvidava que algum dia uma mulher o fizesse mudar de atitude. Como disse eram aflições internas do jovem que a perspicácia de Fulana logo percebeu e de modo a fragilizar e afastar Sicrana, disfarçando suas intenções. Dizia que o chefe não um homem de verdade, e sugeria que desistisse da conquista, pois só teria sofrimentos se algum dia com ele se casasse. Ao mesmo tempo procurava de todas as formas envolvê-lo. Mudou seu modo vestir, mas não deixou que aos olhos das pessoas suas intenções se revelassem. Estava em todos os lugares onde podia encontrá-lo, até que finalmente encontraram-se no apartamente dele, e a partir deste dia, Fulana passou a se dizer grávida. Polito quando soube ficou indignado e propos a Fulana o aborto, que ela negou de forma veemente, pois não podia trair sua educação.
Polito passou a desprezá-la, e Fulana rápido cuidou para tornar verdade a gravidez que havia anunciado a Polito, passando a namorar Jolino, um colega de belos olhos azuis.
De tantas lamurias, Fulana finalmente se casa com Polito, para desespero de Fulana e Jolino. Depois de algum tempo nasce Florina, uma menina de belos olhos azuis, que Polito registra como filha.
Anos mais tarde, Polito morto, Fulana passa a ser sua beneficiária legal, recendo farta remuneração para edução de suas filhas Florina e Paulina.

28 outubro 2008

Trabalho

Que falta me faz um personagem para escrever!
Mesmo encontrando um milhão deles à minha frente, ainda não encontrei um o jeito para contar sobre eles.
Se for um bloqueio, deve ser dos bons !
Na falta de um personagem, fico com os meus, destes que não consigo me desvencilhar, me acompanham todos os dias. O que mais tem me incomodado é que aquele que trabalha sido o trabalhador, que pensou em determinada altura da vida poderia ficar só descansando, usufruindo das benesses de uma boa aposentaria sem trabalho nenhum.
A medida que o tempo passa, vou concluindo que não tem jeito. Haverá trabalho ! Se estiver aposentada, ao que parece aí sim é que vou trabalhar para inventar uma vida nova em folha, num corpo que não estará tão novo, e será novo pelas novidades que trouxer.

27 outubro 2008

Por causa do laço de fita de verde

O tempo naquela vila parecia não ter fim. As crianças brincavam na rua, depois de ir ao colégio. Os homens trabalhavam, enquanto as mulheres cuidavam da casa, dos filhos e maridos. As vezes se reuniam para falar da vida, das crianças, e até confidenciar segredos de alcova.

O tempo não tinha surpresas, meninos e meninas eram educados, às meninas quase sempre eram passados ensinamentos de recato, que em breve estariam corroídos, naquele tempo ninguém suspeitava. Aos meninos não sei bem o que era ensinado, sei que eram segredos que as meninas não podiam entender.

Havia muito mistério, o que deixava as crianças com medo e curiosidades que ficavam por se explicar, os adultos não sabiam. Os velhos, estes tinham um jeito de chegar aos pequenos, com estórias de era uma vez para falar de um tempo que as crianças não conheciam, e eles não podiam esquecer. Mostravam fotografias em branco e preto de um acontecido importante. Falavam dos vestidos de noivas, sempre brancos e das moças, que usavam fitas no cabelo.


O tempo que nunca mudava, por algum motivo, derrepente começou correr, a encurtar. As mulheres aos poucos e depois aos montes, não ficavam mais em casa, precisavam trabalhar, os maridos já não conseguiam ganhar todo o dinheiro necessário ao conforto das famílias.

As crianças daquela vila não brincam mais na rua, precisam estudar, aulas de reforço para o inglês, natação, sessões de ludoterapia, consultas no endocrinologista. Nas ruas daquela vila, ainda se encontram crianças, fazendo milongas, vendendo clicletes, e cheirando cola. Algumas até moram lá, só que estas ninguem conhece.

(texto inspirado na leitura do conto Laço de Fita Verde de João Guimarães Rosa - exercicio de aula)

Tecendo em Palavras

Origem: a de muitos brasileiros; Destino: o que eu conseguir conquistar dentro de mim !