29 janeiro 2009

A hora do baile - colecionando estórias de amor

Quem passa não imagina o que acontece com aquele casal que tem como ponto de encontro o restaurande natural da Av. Paulista. É comum encontrá-los no horário do almoço durante a semana. Ele impecável de terno e gravata, o cabelo sempre alinhado, bigode branco. A elegância discreta, faz supor que seja ou foi advogado. Quando chega antes de sua companheira, escolhe um lugar para sentarem e prepara os talheres e pratos de forma cuidadosa. A espera as vezes é longa, e ele, como um noivo no altar, aguarda. A mulher quando é a primeira a chegar, vem toda efeitada de colar e brincos, um ar seguro e sedutor, prepara a mesa escolhida para a refeição como uma namorada que aguarda o amado para o almoço especial. Quando estão juntos provocam admiração aos demais. A tranquilidade de tornar público o interesse que sentem um pelo outro chega a constranger. Pudera o olhar brilhante dele para ela, o porte viril que assume em sua presença, é notado por outras mulheres. A segurança que ela adquire diante dele, inquieta.
Quem disse que aos oitenta se pode namorar?

26 janeiro 2009

Porque são irmãs

As meninas são irmãs, tem diferença de dois anos na idade. Mas as diferenças começam na idade e vão se multiplicando vida afora. No final parece que nada é comum. Exceto pela infância compartilhada na mesma casa, com os mesmos pais. Estes pais que não são os mesmos depois do nascimento de cada filho. Impossível comparar. Para eles a educação foi mesma, os mesmos direitos e o amor idêntico. Elas tentaram acreditar que foi assim, e iludidas são surpreendidas pelas desavenças se pronunciam mais do o necessário. Fica sempre um sentimento de que há algo a ser feito uma pela outra, uma vez que os pais já não vivem. São adultas, tem escolhas de vidas muito distintas. Alguns princípios ainda são comuns, e, talvez justamente o que é comum é que precise ser revisado e recriado. Como saber se a conversa é impossível e a convivência tão precária?

12 janeiro 2009

Saindo de azul

Azul é uma cor linda !
Acalma
envolve
desarma,
pode até entristecer
Me faz procurar um pouco de laranja, amarelo vermelho quem sabe ?
É assim que tenho sentido quando escrevo. Está faltando uma pitada de alegria e irreverência quem sabe. Pensei no assunto, fiquei por aqui no azul por enquanto.

Para ser gente




As crianças que não tive não minimizam a força da minha criança. Pensei que não sendo mãe teria mais tempo para crescer e ser adulta. Que graça haveria em crianças, só trabalho e preocupação. Lógica "absurda". Ai virei tia e não pude evitar uma grande lição. "Conviver com crianças faz crescer, ensina ser feliz!"

Desabafo depois que minha sobrinha aos nove anos de idade foi passar o primeiro final de semana longe dos pais.

09 janeiro 2009

Terrorismo

Ficar a deriva da vontade do outro, do querer e desejo que não se conhece e que faz abandonar a vontade de ser e agir.
Como não ter medo deste fantasma que vive as voltas com meus desejos? Cadê a resposta? Tornar inofensivo este bicho que pensa que pode me fazer parar de viver.

07 janeiro 2009

Como aquela mulher

Como aquela mulher
Eu vinha assim como quem não quer mais nada. Esperava o metro na volta pra casa depois de uma visita a minha irmã. Final de domingo, a gente fica querendo que a tarde se estenda e a segunda demore a chegar, penso em fazer um passeio ao ar livre quando chegar perto de casa, quem sabe assim acontece uma boa surpresa. Sim porque as chatices só na segunda. Mergulhada neste vai e vem e de vontades e fugas, embarco no trem quase lotado, fato incomum no final de domingo. Vejo um lugar livre, destes reservados para pessoas com necessidades especiais. Na minha malemolência, olhei para os lados para saber se havia alguém mais necessitada do que eu para o lugar naquele momento. Deduzi que não e sentei. De imediato a mulher que estava no banco do lado começou conversa comigo apoiando inteiramente meu gesto de ocupar um lugar reservado naquele momento. Quis me justificar e tão logo o trem parou na próxima estação uma senhora que acabara de embarcar me fez levantar e ceder o lugar. Trazia uma sacola com um vaso de plantas. Imediatamente a conversa que vinha tendo com a primeira mulher envolveu nova a passageira e continuamos viagem e assunto.

Dizia a primeira mulher que adorava plantas e tinha muitas em casa, mesmo podendo vê-las apenas nos finais de semana, os dias que podia retornar, pois morava longe e seu recurso era dormir no trabalho durante a semana.

Fiquei intrigada com o dizer da mulher que não era jovem, mas tinha uma vivacidade fora do comum apesar dos cabelos brancos presos em coque no alto da cabeça, vestida simplesmente com um porte e elegância despreocupados com a modernidade. Em determinado momento perguntei a mulher como podia estar trabalhando uma pessoa que ao meu ver já poderia estar simplesmente passeando. A resposta me deu foi outra pergunta:
- Qual idade você me dá filha ?
- Não sei, talvez sessenta e nove. Respondi.
- Quem dera, tenho oitenta e três anos. Falou a mulher.
- E a senhora ainda trabalha ? Perguntei agora mais interessada.
- Minha filha é o jeito. E olha que nenhuma mulher hoje em dia quer fazer meu trabalho. Eu cozinho e lavo roupas, e aos finais de semana, quando volto para casa, cuido das plantas e quando posso bordo uns paninhos de algodão que vendo para ganhar mais um dinheiro. Falou sobre a necessidade do trabalho sem nenhum ressentimento, orgulhosa até pelo poder de tirar o sustento no próprio trabalho em numa idade que sabe a grande maioria das pessoas desistiu de qualquer interesse pela vida.

Minha admiração pela mulher cresceu fiquei tomada por um sentimento de graça e inspiração. Se ela pode eu também posso chegar aos oitenta cheia de vida e vontade.

Afinal, quem duvida da força do feminino que mulheres como esta senhora são capazes de inspirar.

Depois de muitos rascunhos

Em dias de férias, a gente pretende descansar, parar tudo que estava em curso. Férias em época de festas então, parece que a gente vai de uma dimensão a outra num um estalar de dedos. Foi assim que me senti nestes últimos meses. A impressão que tenho é de que o mundo ficou volátil. Tudo ficou assim meio sem continuação. De repente eu me vi como quem assistia a um espetáculo qualquer e agora fosse obrigada a ser o autor, diretor, protagonista, figurinista, camareira, enfim a dona da estória.
Será por causa da crise ? Perplexa, procuro pares para minha leitura tentanto apenas assistir. Nada acontece, acho que só haverá espetáculo eu eu produzir a estória. Foi assim que escrevi vários rascunhos até agora sem publicação. Cheguei a ver o convite para participar do meme de 8 desejos. Tardiamente, me pus a buscar os desejos, finalmente consegui escrevê-los. Ai a tarefa final de convidar 8 blogueiros e manter viva a brincadeira. Cadê os blogueiros? Os conhecidos já tinham sido convidados e aí não sabia onde encontrar outros. Como posso ? Aguardo um socorro, alguem se habilita a ser meu convidado para a brincadeira do Meme de 8 desejos ?
Se sim, é só me avisar por um post.

05 janeiro 2009

Meme de 8 desejos



Fui convidada pela Claudia Finamore, do blog Desabafos e Reflexões, para participar de um meme que está rodando o mundo.
O que é um meme ? É tudo que se aprende por cópia a partir de uma outra pessoa. Nos blogs, a moda é a criação de memes específicos. Um blogueiro escreve sobre um determinado tema e convida outros para escreverem sobre o mesmo assunto. Então, vamos ao meme; este tem 3 partes:

Primeira parte - fazer uma lista com 8 desejos. Desejos são muitos, alguns secretos, universais, infinitos, egoístas, enquanto viver estarão a inquietar. Os de hoje são:

1. Trabalhar por amor e prazer, e não apenas por garantias de sustento material, compartilhando saberes, descobertas, reciclando, lendo, escrevendo, fazendo patchwork, pintando, vivendo das artes que quero descobrir e fazer.

2. No realizar do meu trabalho me transformar e se possível contribuir para que mais pessoas se transformem e vivam mais e melhor.

3. Ler e escrever muito;

4. Priorizar o tempo de convivência com os amigos, com a família, com as pessoas queridas;

5. Equilibrar os cuidados com o meu corpo, meus sentimentos e desejos, minha casa, minha rua, a cidade onde vivo, o mundo. Exercitar o cuidado.

6. Cada vez mais priorizar em minhas escolhas valores como a simplicidade, a honestidade, a coragem, a generosidade, a harmonia, o autoconhecimento.

7. Saber viver cada fase da minha vida procurando realizar os desejos 1,2,3,4,5,6, e aceitar as perdas e ganhos que virão, sem amargura e sim com sabedoria e serenidade.

8. Que cada vez mais pessoas descubram que o o mundo pode ser um lugar delicioso de se estar, descobrindo o que pode fazer para que haja menos fome, menos guerra, menos cobiça e mais muito mais generosidade, conhecimento, alegria, troca de saberes fazendo e vivendo muitas estórias.

Segunda parte - convidar 8 blogueiros para continuar a brincadeira, comunicando-os por posts em seus blogs. Esta parte eu suspendi na brincadeira, por enquanto. Os blogueiros estão ai, aos milhares só que ainda não os conheço para tomar a liberdade de fazer o convite. Conhecê-los taí mais um desejo.

Terceira parte - Comentar no blog que me convidou (já comentei), e orientar os convidados a publicarem o selinho da brincadeira, que está aqui no alto (vai acontecer).

Tecendo em Palavras

Origem: a de muitos brasileiros; Destino: o que eu conseguir conquistar dentro de mim !